Os enxertos ósseos sintéticos constituem uma estratégia interessante em casos de cirurgia-bucal. Além destes materiais não apresentarem potencial imunogênico como os biomateriais xenógenos ou homógenos, a eficácia da biocerâmica bifásica se destaca, pois ela é composta por um material altamente reabsorvível, o beta fosfato tricálcio (β-TCP), e um material de baixa reabsorção, a hidroxiapatita (HA). Enquanto o β-TCP é degradado, o novo osso é formado entre as partículas de HA, que servem de arcabouço para a formação de novas células ósseas.
O Plenum Oss® é um enxerto ósseo sintético que apresenta excelentes resultados. Além de possuir 50% de porosidade, sendo 80% dos poros do grânulo interconectados, ele apresenta a reabsorção e incorporação do β-TCP em torno de 60 dias e a manutenção da hidroxiapatita por longos períodos, conferindo estabilidade dimensional e tensional do rebordo alveolar.
Neste caso clínico, um paciente de 35 anos apresentou queixa de parestesia em região mandibular esquerda há 15 dias. Não foi identificada nenhuma comorbidade associada ou achados clínicos bucais visíveis. Foi solicitado uma radiografia panorâmica (Figura 1) onde se observou uma lesão cística extensa associada a um terceiro molar e um dente supranumerário.
Figura 1. Radiografia panorâmica 
Também, foi solicitada uma tomografia computadorizada onde foi possível observar uma cortical óssea bastante delgada na região, com uma expansão considerável e reabsorção da tábua óssea lingual (Figura 2).
Figura 2. Exame tomográfico da região em diferentes cortes
Devido ao elevado risco de fratura, tanto no trans quanto no pós-operatório, foi feita a instalação de uma placa de reconstrução com acesso intra-oral (Figura 3). Também foram extraídos os dentes 37, 38, o supranumerário e a cápsula cística.
Figura 3. Abertura e fixação da placa de reconstrução
Figura 4. Dentes extraídos e cápsula cística
Após a remoção do cisto e limpeza da cavidade, foi colocado enxerto Plenum Oss® (500-1000 µm) para preencher o defeito resultante e feita a sua compactação. Posteriormente, foi feita a sua cobertura com a membrana Plenum Guide® de 0,5 mm (Figura 4). Para a sutura, foi utilizado o fio Vicryl-4-0 (Figura 6).
Figura 4. Plenum Oss® preenchendo a cavidade
Figura 5. Plenum Guide® cobrindo o enxerto
Figura 6. Fixação da membrana e sutura do retalho
Após 6 meses, foi solicitada uma nova radiografia panorâmica e constatada a neoformação óssea completa na região (Figura 7), estando liberada para receber implantes e prosseguir com a reabilitação do paciente.
Figura 7. Radiografia panorâmica após 6 meses.
Conclusão
Regenerativos sintéticos são uma excelente escolha para reabilitações, desde as pequenas até as mais extensas. É de suma importância que o cirurgião-dentista se atente às peculiaridades e indicações de uso para que se consiga obter a melhor experiência para o seu paciente.
Este caso foi executado pelo Dr. Carlos Eduardo Xavier dos Santos Ribeiro da Silva. Especialista, Mestre e Doutor em Estomatologia e Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo Facial.
